quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O Basta(nte)

Existem mil e uma maneiras de dizer algo
Uma delas é escrita para eu logo me esquecer,
Outra delas, bem bonita, pois pretendo convencer
Tem pintura e bordado, há mentira no estofado
Tem conforto tem os dados, tudo industrializado
Tem verdade professada em mentiras odiosas
Sim, existem mil e uma maneiras de dizer algo

Quando quero enfatizo a profecia
Com amor em meu olhar não permito indagações
Chamo pelo nome quando quero conquistar
Santinhos poluentes flutuam nos afluentes
O estrato do mal-grado impresso
O mal juízo do pobre confesso
Se das mil e uma, meia palavra basta?

Com todas as possibilidades quais na mente se combinam
Jaz a mente em branco, sedenta de verdade
Negra tinta insistente que vos escreve
Negra ilusão do ignorante que se esquece
Em sua falha fez-se luz
Em verdade, em verdade,
Das mil e uma mentiras, meia palavra:
BASTA!


Paulo Passos (06/10/2014)

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Fórmula dos bons costumes (versos em 12)

Em simpático sarcasmo sorrio,
Aos olhos levo os meus
Dilata verdade em vontade
A idéia, o senso
A mente que cria e caminha,
Que mente e engana,
Acerta, plana em palavras
Deduz e induz reduzindo a iluminação,
Agindo mal, mas de bom grado
Tentando adivinhar os números dos dados
Dormente, mente e dor
Dai-me o caminho para casa

Em sono, altiva surges a mim
Me acena em lugares, pessoas, momentos
Doces momentos, lembranças,
Quando posso, relato, reproduzo suas marcas
Em simpático sarcasmo sorrio
Te aguardo no ponto, mas tu não te atrasas,
É quando percebo que tu és o ponto,
Que tu me aguardavas,
Mensagem dada, charada lançada
Os muitos ignoram grandiosa arquitetura
E se iludem no morse proposicional,
Dentre os mundos possíveis, onde está a verdade?

Paulo Passos - 28/08/2014


sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Viajante

Doce inspiração que me abre as janelas
Que me trás os ventos matinais
Que desperta meus mais profundos sentidos
Que me põe em continência a te servir

O prazer, ó amada,  é o sol que vos chama
Em tua dosagem, como aos amantes encantais
A cada doce pétala que extasia
Estes expansivos braços que vos abraça
Se abre sob os raios do mesmo que vos desperta

Desperta,
Estica teu corpo que se excita
Ouça a voz que te chama, não ignore
Luz que expande, desembrulhe cada flor
Deleite em chamas que arde
Em nome de Heráclito, que entra no rio pela última vez
Em nome da contradição
Em meu nome, quando ouso pronunciar
Em minha ousadia ao me afirmar

Perpétuo fluxo de prazer e dor
Em corrente, concreto presente se desfalece
No eterno "não-sei" do que me aparece
Da ilusão, da verdade que se parece:
Gritante ressoa entre os homens
Feito eco morto que transita pelos montes
Do grito, da morte da estrela cintilante
Hora brilha, logo ofusca-se na mente do viajante.

Paulo Passos (31/07/2014)