quinta-feira, 16 de abril de 2020

OFFLINE


Ficar um tempo com os dispositivos desligados tem sido dos mais produtivos desafios.
Ficar um tempo em silêncio, isolado, tem sido se libertar do sacrifício.
Quem dirá o contrário? Essa brincadeira de séries mal feitas longe foi.
Esse canto desafinado e sem letra é mascarado pelo ritmo das máquinas.
Atrai a todos pelo estômago.
“Pela boca morre o homem.”
Eles de fato descobriram isto.
Pensar sobre isso é tão óbvio e tão claro que nos cega.
De volta à escuridão, nas mídias a navegar, em busca de não sei o que.
No labirinto de espelhos infinitos, o discurso vem de todos os lados.
Cai rendido, desarmado o desalmado e vendido cidadão.
Embriagado de informações caluniosas guarda o argumento X e Y.
Dá-lhe contradição, iguaria social, presente sempre à mesa a temperar a refeição.



PAULO PASSOS 12/04/2020