quarta-feira, 20 de setembro de 2023

SOBRE A PENA

 Essa que não escreve, senão sobre fraquezas

O veneno da alma aqui projetado de forma dócil

O sacrifício posto de forma clara, doída e distante

A dor lançada ao próximo de uma forma muitas vezes hipócrita, cega e sem perspectivas

A imposição da posição daquele que se põe acima

A pena que descreve uma dor inexistente, ou uma dor indescritível

Do macro ao micro a dor lá está

A pena que não sabe descrever os detalhes das menores proporções


PAULO PASSOS - 14/09/2023

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

DA MONETIZAÇÃO DO TEMPO

 Traga aqui a sua vida! Clique aqui! É só um clique!

No tic e no toc se revela algo que estava bem escondido.

Toda a hipocrisica que estava em seu estômago, regorgitada em conteúdo.

Mastigue! Engula, vomite, engula mais uma vez.

Que seja sagrado esse segredo.

Que seja belo...

Esse plástico tá aí, no seu fast food, no seu sorriso.

Na sua cara.


PAULO PASSOS - 16/08/2023

terça-feira, 1 de agosto de 2023

AS JORNADAS NÃO RELATADAS

Os cegos jamais descreveriam suas jornadas em nossa perspectiva.

Que o silêncio prevaleça agora!

Que o mundo se manifeste nas suas mais diversas formas. Que o homem-massa não entenda! Não se trata de exclusão, mas sim de transformação: ou cresce ou morre, pois o caminho da ignorância sempre foi a morte. 

Não há lógica mais clara! Se não caiu na rede, não caiu no seu agrado? Quanta fraqueza, quanta superficialidade! Clichê em cream cheese, porra na sua boca, é o que merece!

Que as jornadas sejam longas, dolorosas e repletas de lições... caso contrário, é só mais um enlatado!


PAULO PASSOS - 01/08/2023

terça-feira, 28 de março de 2023

INDAGADO PELOS VÍCIOS

 Mais uma vez, me encontro embriagado: prazer, álcool e sensação de impotência.

Mais uma vez me vejo ao lado dos demônios que me assistem criticar a sobriedade e me oferecem lapsos de memórias que sempre me conduzem ao sono.

A futilidade, a superficialidade deste maldito ritual segue a me atormentar a cada momento que tenho para mim.

A cada tropeço, novas promessas. Pouco progresso. Grandes passos, avanço lento. Longa viagem...

A cada questão, mais ódio, esse contra a minha própria pessoa, por não resistir ao canto da sereia. 

Maldita sereia!

O tempo passa voando feito uma águia.

Quando percebo que, de peixe, nada... nada que traga progresso nesse meio.

Por outro lado, espírito forte o suficiente para profanar o culto ao ego.

Nada que acrescente o sagrado como se espera ser. Nada que engrandeça o que de fato à eles teria algum valor. Vejo tudo passar.

Contemplo a dor do ritual cotidiano, transpassar a carne do comum.

Sorrio... sou humano.

Transpiro tudo o que um dia fora inspiração.


PAULO PASSOS 07/03/2023

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

TORMENTA



Quando achamos estar certos, seguimos com todo o afinco rumo a ignorância.

Ignoramos as possibilidades e seguimos ao abatedouro da verdade.

Esse caminho é de fato agradável.

Por outro lado, quando somos abatidos pelo maremoto de ἀλήθεια o corpo roda!

Bebemos a água mais amarga com toda a podridão de nossa própria hipocrisia.

Isso é necessário.

Assim moldamos e forjamos nossas almas, caso contrário seguiríamos flácidos e maleáveis.

Dor? É mesmo essa a sua preocupação?




PAULO PASSOS - 20/02/2023

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Diante do nada que posso ser

 Diante do nada que posso ser

Me assombro com o todo que eu podia querer

Mas sei que nada sei e assim quero seguir.

Eis que todo dia tenho motivos para sorrir.

Você que quer te ver sobre os demais

Não tem sequer assunto que fuja as redes sociais.

Jamais a paz reinou tão bem, tão distante de você e de seus semelhantes.

Não estarei em meio aos dados gratuitos de seu sabor!

Da dor faço mais.

Mas o nada, que venha!

Me abraçe e sinta o calor daquele que existiu, sentiu e soube sentir.

PAULO PASSOS - 03/02/2023

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Humilde Barco

É com ele que me entrego aos mares, seja de ilusões, medos, incertezas e êxtases.

Não se afunda, talvez pelo seu tamanho, sua leveza...

Foram tantos reparos, remendos e fissuras, mas a confiança sempre foi a chave.

Nos momentos de medo eramos um pelo outro. De igual modo na calmaria.

No mar da solidão me pus a refletir, concluí que haveria de ser assim.

No mar da ilusão já me entreguei, inclusive me pus a mergulhar, até que reencontrei meu velho barco, distante, a me esperar.

No mar das incertezas foi ao leme, no que pude me agarrar.

No mar de angústias quase pus tudo a perder. Foi quando um sopro de bons ventos me levou a esquecer.

Tudo passa, já ouvi isso.

Quando eu passar, que os vestígios dessa embarcação de algum modo auxiliem novos navegantes.


PAULO PASSOS - 13/06/2022