quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

VIDA SINTÉTICA


Doce vida, doce.
Tão doce que as pupilas dilatam.
Dilatam paixões, prazeres e a impressão que tenho é a de que todos estão errados.
As coisas mudam apenas de cor, e aqui já percebo maior liberdade.
A metamorfose é um orgulho,
E tudo o que ficou para trás vai se tornando vergonha.
Certas coisas, antes claras e distintas são hoje dubitáveis... meu sorriso é dubitável.
Assumir os motivos de meu sorriso é retrocesso num mundo sem motivos.
A metamorfose não admite retrocessos;
A auto aceitação é impossível.
Arquétipos assumem meu corpo.
Categorias formalizam meus movimentos.
Os movimentos formalizam meus pensamentos.
Levanto-me contra mim.
Circuito em curto; curto absurdo em nome desse vazio.
Tudo o que é estático, qualquer padrão se quebra.
Tudo o que é estético, que seja doce como meu doce mundo.



PAULO PASSOS - 05/07/2019



quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

O FADO E O COTIDIANO

Sofre o escravo da rotina; pois deixa tudo em seu nome.
Entrega inclusive a sua alma e sabe que seu destino é a sepultura.
Em bela canção a cantar e dançar aos finais de semana, pressente presente logo a dor da partida.
Lágrimas junto ao sorriso, e que essa incerteza se acabe. Junto a ela tudo o que um dia lhes fez mal.
Que neste pacote também vá todo o sentimentalismo que enfraquece a alma.
Que a flor, bela flor do jardim vizinho, lá fique. Que nao haja encanto.
Não tirar-te-ei de tua sagrada terra por mera posse. 
Seguirei a cantar e dançar, que seja só...
Tudo isso é fado.

PAULO PASSOS - 22/01/2020

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

VIRA-LATA



Sou eu mesmo,
Sem laços sanguíneos,
Nós atados pelo espírito,
Resistência em qualquer condição.
A liberdade é frígida,
Porém nos aquece;
O sangue faz o motor funcionar,
Meu suor, minha moeda,
A minha regra, nada que valha no seu mercado.
Não estou armado mas aguardo seus ataques.
Não perco tempo, o caminho é um só.
Na fé tudo acontece.
Transito nos ambientes adversos.
Em silêncio faço o estrago e não quero troféu.
O som toca baixo aos que têm ouvidos.
Em sua pequenez se fez grande aquele que soube fazer.
As proporções são outras, transformações incalculáveis.
Nada apaga esse Sol...
Nada paga minha condição.
Sou vira-lata...
O meu silencio é para você que não sabe ouvir.
Sou vira-lata e você não me vê porque não sou pedigree.

PAULO PASSOS
10/07/2019