sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

CULTO DA IRRESPONSABILIDADE


Essa guerra sem sangue
Labor sem suor
Tragédia sem herói.
Silenciosa orquestra é sua vida.
Beleza meramente visual.
Aparências e devaneios em culto a si mesmo por luta nenhuma.
Deitado no sofá aparenta cansado, cansado de quê?
O Nada, seu deus que tudo permite te faz se afogar em sua própria saliva.
O Nada, você, que adora sofrer com o amor próprio, não correspondido por não se suportar.
Imerso em si, você sente o odor putrefato de seu próprio perfume.
Imerso em inveja e ciúmes, mal sabe justificar sentimentos, a isso é imune.
Sentir? Para quê?
Deixa de lado o que realmente importa.
Já que a gula engole seco o doentio amor próprio...
O self já morto na selfie:
Sorriso vazio do vencedor que nunca lutou.

PAULO PASSOS - 07/02/2020

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

CELEBRIDADE MÓRBIDA


Tão bela, tão expressiva, singelas palavras entoadas ao léu.
Profundo vazio você vive. Grita como se estivesse sentindo.
Entre caras e bocas, logo mostra os traços da morte.
Entre azar e sorte, já sabe que se joga por esporte.
Sabe chorar e sabe sorrir, mas não sente nada.
Se sonha...  pesadelo.
Em público é teatro.
No discurso há um fato: o olhar sempre desvia.
Aqui percebo que não há nenhuma magia.
Morre a mágica em frajuta pirotecnia.

PAULO PASSOS - 02/02/2020

domingo, 2 de fevereiro de 2020

A MARCHA


Foi quando me senti mais seguro, caí...
Sabia que para todos eu estava mal.
Por outro lado eu estava me libertando.
De onde estou eu vejo coisas que você não vê.
Com poucas observações seus argumentos vão ao chão.
Quando me ocultaram todas as possibilidades de uma vida saudável, pude ver as engrenagens desse grande relógio.
Aquela dorzinha sua, aparentemente superficial é muito mais profunda.
A ciranda deste mecânico espetáculo aumenta e diminui a velocidade.
O giro desenfreado, a seresta, mórbido cântico, ode ao fim.
Sexo como regra, a besta, grande estrela...
Sem pais, país, paz...
“Ser você mesmo”: afastar-se de si.
“Viver a vida”: encher o cú de droga.
“Ser democrático”: amar a situação do engraxate.
E você late quando a verdade é dita!
Feito cachorro mastiga seu papel.
Frente aos olhos, grosso véu.
Sem luz diz enxergar.


PAULO PASSOS - 09/12/2019